Debora Carb
Ela não havia nascido para viver nesse tempo cheio de grandes invenções e modernidades. Nesse mundo em que a notícia ruim te alcança rápido demais. Em que a tristeza te acompanha por todo caminho, ao invés de te receber em casa. As boas sempre esperam. A mãe gosta de surpreender com chá, bolinho de chuva e a boa notícia. Mas as más...te pegam no meio da reunião, por mensagem de texto e voltam pra casa ao seu lado. As más cobrem teu coração como um véu que cobre o rosto da viúva. O choro, a angústia, não podem ser abafados no vazio do seu quarto, escondidos no escuro...
Ela saiu do trabalho e rezava pra fazer o trajeto sem pensar, cada movimento parecia robótico pra se encaixar no padrão pré-estabelecido, por ela mesma, da normalidade. Mas ao se sentar no mesmo banco de ônibus fretado de todo dia, ao ver as mesmas pessoas de todo dia, sabendo que aquele era diferente de todos os outros dias...não havia frieza o bastante dentro dela.
A cidade foi platéia de cada lágrima que caiu pelo teu rosto. Lágrimas saudosas do anonimato, envergonhadas pela exposição, mas ávidas de liberdade.
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